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Ciências Sociais e Humanas

Corpo Masculino. Mente Feminina.

Denis Kraiser

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Bom, hoje o assunto é para pensar seriamente.
Em um plano de Marketing preciso “entrar na mente” do público a ser atendido por quem me contrata.

Por esse motivo Marketing e psicologia
tem tudo a ver. Precisamos entender a fundo o que pensam os consumidores para poder oferecer soluções que os atendam.

Foi graças ao sobrinho de Sigmund Freud, Eddy Bernays, que a propaganda passou a explorar cada vez mais o inconsciente dos consumidores.

Meu cliente trata de um nicho muito específico: as mulheres trans. Em resumo, homens que “nasceram no corpo errado” pois na prática se sentem como mulheres.

Se gays sofrem preconceito de toda espécie e muitos não são aceitos na própria família, as mulheres trans têm as mesmas batalhas e uma ainda mais complexa: o próprio corpo.

Elas imaginam que “a natureza pregou uma peça nelas” pois imagine você nascer com o corpo masculino e a mente feminina.

Aliás, não ofenda uma mulher trans chamando-a de “ele”, “senhor”. Tampouco pergunte “qual era seu nome antes de ser trans?”. Afinal, ELAS precisam batalhar a vida toda para construir a própria identidade conquistando seu “nome social”, previsto em lei.

Assim, se nossas mentes são complexas por natureza, a delas é uma batalha hercúlea. Excluídas da família, escola, trabalho e sociedade, resta para a maioria um único caminho: a prostituição no Brasil e exterior.

Não bastasse isso, quando conseguem ascender em uma modalidade, agora sofrem preconceito nos esportes. Você pode não gostar ou querer mudar a regras, mas elas estão atuando dentro das leis e ponto final.

E acredite, mesmo Chico Buarque, um defensor da esquerda, refere-se a elas com preconceito em sua música “Carioca”, onde afirma na letra: “De noite/Meninas/Peitinhos de pitomba/Vendendo por Copacabana/As suas bugigangas”.

Na prática porém, algumas iniciativas tentam incluí-las na sociedade como a Transempregos. Maitê Schneider, criadora da causa e eleita Top Voice no LinkedIn, menciona que até mesmo para contratação ela precisa antes “dessensibilizar” a empresa para que as trans possam ser toleradas no ambiente corporativo.

E outro fenômeno é a série Pose do FX, agora disponível na Netflix. Excelente por sinal.

Então não vou dizer mais nada. Leia nas palavras delas seus sentimentos e tente imaginar como é viver numa situação dessas.

Não julgue! Use sua empatia para tantos sofrimentos e conquistas. Afinal, a OMS já não considera mais como doença a transexualidade.

Coloque-se no corpo de uma delas e apenas reflita como seria sua vida com a mente contrária ao seu corpo.

“Os transexuais são seres marginais. Sofre-se muito na transição. E essa dor nos torna fortes, duros, e inclusive nos leva a ter mau caráter.” Daniela Vega, atriz chilena vencedora do Oscar.

“Perdi amigas que se suicidaram, o sistema mata pessoas”, Lea T. Filha do ex-jogador Toninho Cerezo.

“Vi todas as minhas amigas morrendo duas vezes: assassinadas e em seus enterros, porque seus familiares negavam a chance do uso do nome que elas tinham e como se entendiam. Nosso maior sonho é que as pessoas nunca precisem passar por tudo o que a gente já passou, por tudo o que eu passei.”, Sara Wagner York, 42 anos. Professora de inglês.

Denis Kraiser

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